O demorado olhar
Conquiste seu espaço
Olhamos tudo mas o quanto vemos ?
Esta semana conheci mais profundamente o trabalho de Dani Sandrini e suas reflexões sobre o processo artesanal da fotografia, práticas quase esquecidas de revelação delicada utilizando plantas e pigmentos vegetais.
Em suas reflexões fotográficas ela retoma Kafka :
“Fotografam-se coisas para expulsá-las do espírito. Minhas histórias são uma maneira de fechar os olhos”. A fotografia deve ser silenciosa(…): não se trata de uma questão de “discrição”, mas de música.
Este tempo de espera para que o sol lentamente desvele a imagem ou mesmo o silêncio da admiração de uma imagem por meses nos parece muito distante, mas é extremamente necessário.Temos uma miríade de imagens pulverizadas que ao invés de enriquecer nosso olhar e nos deixar mais atentos nos torna cada vez mais acelerados. Manipulamos com os filtros as imagens para chegar em resultados que queremos mas somos nós ainda ?
No podcast Desígneo sobre a Pós História, inspirados pela pesquisa de Vilém Flusser, eu e o Gustavo Santos conversamos sobre estas distrações, como os fatos deixaram de ser queridos e as imagens estão validadas por si mesmas perdendo o seu sentido meditativo.
O aparelho só faz o que o homem quiser.
O homem só pode querer o que o aparelho é capaz.
Retomar este tempo orgânico das imagens é um processo incrível e fico muito feliz no encontro com a Dani Sandrini e sua proposta delicada e potente.
Dani Sandrini - Antotipia