Corpo e tensegridade criativa
A organização tônico-gravitacional do nosso corpo se traduz em movimentos e gestos, correspondendo a marca cinética de nossa singularidade.
Os processos criativos são processos expansivos, evocam nossas emoções e produzem deslocamentos internos e reestruturações dos nossos eixos compreensivos.
Neste redesenho do nosso entendimento, atuamos numa mudança simultânea dos nossos sentidos e percepções ou como diz Fayga Ostrower:
“Criar significa poder compreender e integrar o compreendido num novo nível de consciência. Significa poder condensar o novo entendimento em termos de linguagem. Significa introduzir novas ordenações e formas "
Eu diria também, novas repercussões corporais. Durante as Residências criativas nos processos de mentoria, percebo o surgimento no processo criativo de tensões corporais e ansiedades. O corpo responde ao processo de expansão de conhecimentos e sentimentos, por vezes queremos permanecer no conhecido, a mudança nos força a refazer esta afinação interna.
O nosso corpo é uma teia de fáscias, o nosso órgão da postura e ao mesmo tempo organizador das espacialidades, um tradutor da nossa presença corporal. Quando temos uma tensão que desestabiliza nosso equilíbrio corporal ou psíquico precisamos entender a rede de eventos ou dificuldades que nos levaram aquele nó, aquela indisposição ao novo.
Corpo/processo de criação é um composto distinguível mas não separável. A pessoa que cria precisa dar, como diziam os antigos, "sustança" aos seus gestos e constância ao seu fazer, Esta tensegridade é uma presença afirmativa ao projeto nascente e uma capacidade de lidar com as tensões da metamorfose num diálogo constante com nossas resistências.
Em algumas residências fomos buscar apoio nas práticas de autoconsciência corporal, recomendo que cada um encontro sua própria linguagem nesta área, pode ser Yoga, Rolfing, Tai Chi, Dança, Artes Marciais, Caminhadas ....só você pode reconhecer o que é melhor neste diálogo interno.