A teimosia da imaginação
A inspiração da madeira , pode ser também do barro, do fio, são várias as materialidades que parecem conduzir estes criadores populares ao processo criativo, esta descoberta de si em ato ou como diz o livro : Eu me ensinei
"Com clareza e economia de palavras, Izabel Mendes da Cunha, conhecida como Dona Izabel, fez a síntese de única categoria que de fato aglutina os artistas deste livro: são todos autodidatas. Como defini-los ainda está em aberto, mas, como ficou evidente no projeto, essa nem é uma questão para eles. São mestres de um saber fazer primoroso, intuitivo (ao mesmo tempo que buscam com afinco e muita pesquisa os caminhos a seguir), fruto da observação e da persistência.”
No documentário Teimosia da imaginação, podemos conhecer de perto vários destes artistas populares.
É sobre tal fenômeno inventivo que se debruça a série, ao apresentar mestres das artes plásticas de diversas regiões do Brasil, os/as quais iniciaram e desenvolveram suas obras de maneira intuitiva, sem qualquer formação artística oficial. Assim, promovendo um mergulho no universo criativo e pessoal de cada um desses artistas, dando-lhes espaço para que eles mesmos se revelem ao espectador, Teimosia da Imaginação joga luz sobre, entre outras coisas, as fragilidades de categorizações das artes plásticas como popular, naïf, brut, etc. Na verdade, a série transcende a discussão sobre tais categorizações, flagrando sobretudo a desconcertante força criadora de um povo.
Mestre Galdino fala com humor das invencionices da sua arte do barro no Alto do Moura. E ao escutar a sua liberdade criativa eu me pergunto sobre a importância da nossa relação com a imaginação.
Poema e personagens de Mestre Galdino
A força da imaginação como diz Bachelard encanta:
A imaginação não é, como sugere a etimologia, a faculdade de formar imagens da realidade; ela é a faculdade de formar imagens que ultrapassam a realidade, que cantam a realidade.
Ao contrário, a mão trabalhadora e imperiosa aprende a dinamogenia essencial do real, ao trabalhar uma matéria que, ao mesmo tempo, resiste e cede como uma carne amante e rebelde.
É a matéria em diálogo com a mão e que vive este processo sabe que muitas vezes somos levados por caminhos completamente desconhecidos.
Em 2008 uma equipe do Instituto Tear saiu do Rio de Janeiro rumo norte do estado de Minas Gerais e filmaram diversos ceramistas na área conhecida como Vale do Jequitinhonha até Tracunhaém. O que originou a série Cultura Popular - Arte do Barro que é um recorte de entrevistas feitas durante essa viagem, no total são 7 capítulos. As imagens são do Centro de Memória do Tear.
Existem muitos acervos e exposições que retratam este universo criativo popular. No Rio de Janeiro o Museu do Folclore tem várias pesquisas disponíveis. O Instituto Moreira Sales traz também algumas exposições fotográficas e de pesquisas que refletem este imaginário, como é o caso desta coleção de Carrancas do rio São Francisco.
E você ? Qual a sua expressão criativa favorita ?