Limites são membranas, não muros

A palavra LIMITE tem significado cambiante, dependendo do paradigma que fundamenta seu conceito. Sabemos que a qualidade do solo interfere diretamente na saúde de uma planta, esta é uma boa metáfora para você se perguntar : em qual cultura filosófica vive o seu sentido da palavra limite ?

Entre membranas e muros a primeira impressão que temos é de uma escala de flexibilidade. Um muro é uma referência do não passar, é claro que pode ser ressignificado por uma alma ousada de artista, mas tendemos ao desânimo frente aos muros altos das separações.

Intervenção fronteira México/EUA

Já uma membrana, se lembramos nossas aulas de Biologia na escola, são cheias de micro passagens, filtram os excessos e protegem as frágeis estruturas internas que sem ela se dispersariam.

Seu convite é para uma aproximação sensível, uma atenção ampliada para a presença de detalhes e contatos.

Imagem feita na Pinacoteca de SP durante a exposição de Ernesto Neto

Quando vivemos um processo criativo, a pesquisa abre nossos sentidos, estamos antenados a qualquer estímulo sobre o tema que possa enriquecer o nosso entendimento. Em alguns momentos nos sentimos perdidos na intensidade das descobertas, este caos pode gerar angústia e a tentativa de limites rígidos. Viver esta abertura generosa requer vigor.

Falamos muito sobre diferenças, alteridades mas basta que o fundamento da nossa rotina seja alterado : sono, banho e alimentação desarranjados do nosso costume diário para percebermos as fragilidades da nossa paciência.

O quanto realmente estamos abertos e porosos ao outro, permitimos diálogos delicados ou já temos julgamentos que nos isolam.

É importante refletir, cultivamos muros ou membranas em nossas relações ?

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