Limites são membranas, não muros
A palavra LIMITE tem significado cambiante, dependendo do paradigma que fundamenta seu conceito. Sabemos que a qualidade do solo interfere diretamente na saúde de uma planta, esta é uma boa metáfora para você se perguntar : em qual cultura filosófica vive o seu sentido da palavra limite ?
Entre membranas e muros a primeira impressão que temos é de uma escala de flexibilidade. Um muro é uma referência do não passar, é claro que pode ser ressignificado por uma alma ousada de artista, mas tendemos ao desânimo frente aos muros altos das separações.
Já uma membrana, se lembramos nossas aulas de Biologia na escola, são cheias de micro passagens, filtram os excessos e protegem as frágeis estruturas internas que sem ela se dispersariam.
Seu convite é para uma aproximação sensível, uma atenção ampliada para a presença de detalhes e contatos.
Imagem feita na Pinacoteca de SP durante a exposição de Ernesto Neto
Quando vivemos um processo criativo, a pesquisa abre nossos sentidos, estamos antenados a qualquer estímulo sobre o tema que possa enriquecer o nosso entendimento. Em alguns momentos nos sentimos perdidos na intensidade das descobertas, este caos pode gerar angústia e a tentativa de limites rígidos. Viver esta abertura generosa requer vigor.
Falamos muito sobre diferenças, alteridades mas basta que o fundamento da nossa rotina seja alterado : sono, banho e alimentação desarranjados do nosso costume diário para percebermos as fragilidades da nossa paciência.
O quanto realmente estamos abertos e porosos ao outro, permitimos diálogos delicados ou já temos julgamentos que nos isolam.
É importante refletir, cultivamos muros ou membranas em nossas relações ?